segunda-feira, 30 de março de 2009

Mundo Global visto do lado de cá.

ENCONTRO COM MILTON SANTOS

Gênero: Documentário
Duração: 89 minutos
Direção: Silvio Tendler

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Última entrevista gravada com o professor Milton Santos no dia 4 de janeiro 2001. Num total de nove partes, o vídeo aborda a temática da globalização e seus efeitos, sobretudo, nos países subdesenvolvidos do planeta.

Parte 1 (Introdução)

Nessa primeira parte, é feito um resgate histórico do processo globalizatório divido em: a primeira globalização (iniciada no século XVI a partir das grandes navegações marítimas) e a segunda globalização (intensificada no final do século XX, após o colapso do mundo socialista, a queda das barreiras, o advento da terceira revolução industrial e construção de um espaço “fluido”).

O vídeo exemplifica as desigualdades sociais entre os países e como estas se intensificaram após a consolidação da globalização.

Para Milton Santos, existem três mundos:

O mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula.

O mundo tal como ele é: a globalização como perversidade.

E o mundo tal como ele pode ser: o mundo como possibilidade... “uma OUTRA globalização.

Frase bacana: "o consumismo é o maior dos fundamentalismos" Milton Santos

Parte 2 (Neoliberalismo)

Nessa segunda parte, o vídeo mostra as conseqüências desastrosas do receituário neoliberal do Consenso de Washington para a América Latina. Em Quito (Equador), em Cochabamba e La Paz (Bolívia), em Buenos Aires (Argentina) e no Rio de Janeiro (Brasil) pessoas se revoltam contra a desnacionalização de suas economias e a onda de desemprego e falências.

Para Milton Santos, as empresas transnacionais, consideradas “centros-frouxos”, fogem ao controle dos Estados, desorganizam os territórios e não se comprometem com a realidade social dos países. Essa produção descentralizada (fábrica global) é exemplificada, no vídeo, com o caso da empresa estadunidense Boeing que recebe componentes de seus aviões de mais de 300 fornecedores do mundo inteiro.

Frase bacana: “A ilusão da moeda controlada e do consumo forte anestesiou a população mediante as “privatizações-saques”. (“saques” por minha conta)

 

Parte 3 (Desemprego, Fome e Água)

Nessa terceira parte, o vídeo denuncia a perversidade da exploração do trabalho no mundo globalizado. Empresas como a Nike, por exemplo, espalham-se mundo a fora em busca de mão-de-obra extremamente barata e custos baixos para a produção e geram, com isso, desemprego em seu país de origem. Com a globalização, o desemprego aumentou assustadoramente, os pobres ficaram ainda mais pobres e a classe média perdeu em qualidade de vida. Hoje, 1,5 bilhão de pessoas vive com menos de US$ 1,00 ao dia.

Para Milton Santos, o planeta consegue produzir uma quantidade suficiente para alimentar todas as pessoas. O problema não é a quantidade de comida, mas como está distribuída. São os mecanismos globais é que decidem quem deve ou não comer.

O vídeo aborda a questão da privatização da água por algumas empresas transnacionais e os movimentos sociais que contestam, afirmando que á água é um bem global.

Frase bacana: “A humanidade se divide em dois grupos: o grupo dos que não comem e o grupo dos que não dormem, com medo da revolta dos que não comem”. Josué de Castro.

 

Parte 4 (Imigração e o poder da mídia)

A maior contradição da globalização é apresentada nesse vídeo: a livre circulação de mercadorias, informações e capitais contrasta com os sólidos muros da internacional capitalista que impede a circulação dos indivíduos em busca de emprego, comida, água e paz. EUA e Europa travam guerras constantes para evitar a entrada de imigrantes em seus territórios.

Outra abordagem do vídeo é o poder midiático como ideologia sustentadora da globalização-fábula. Seis empresas controlam 90% da mídia mundial. Os acontecimentos noticiados são interpretados de acordo com interesses predeterminados, uma vez que as agências de notícia pertencem às grandes empresas. Esses meios de comunicação erigiram o livre mercado como pensamento único, como motor da globalização econômica e, assim, anunciaram o fim da história.

Para Milton Santos, esses meios de comunicação controlam de maneira extremamente eficaz a interpretação das coisas que se passam no mundo. A repetição servil dos textos e das imagens não nos permite aferir as notícias.

Frase bacana: “A informação é o grande instrumento da grande finança, instrumento do processo de globalitarismo e de formas totalitárias de vida”. Milton Santos

 

Parte 5 (A técnica como plataforma para a liberdade)

Essa parte mostra como novas técnicas contribuem para a emancipação das comunidades indígenas, as comunidades periféricas e os movimentos populares. O acesso aos novos meios de telecomunicação, microeletrônica e informática (telemática) proporcionam a criação de novas formas mobilização na periferia.

Para Milton Santos, podemos ser universais sem perder a nossa cultura, sem deixar de sermos “indígenas”. A possibilidade de acesso aos meios da telemática possibilita à periferia criar novas formas de inventar/reinventar o mundo, formar opinião e debater assuntos centrais.

 

Parte 6 (A Revanche da Cultura Popular)

Nessa parte, o documentário expõe uma verdadeira rebelião da cultura popular sobre a cultura de massa utilizando instrumentos que, originalmente, foram criados no berço da cultura padronizada.

Para Milton Santos, “o mundo como possibilidade” só poderá ser construído pelos atores de baixo (populações pobres, países pobres e continentes pobres). Combates silenciosos estão sendo travados nos bastidores da geopolítica mundial: o fortalecimento do islã, a revolução educacional da Índia e o sucesso econômico da China, que combina planejamento estatal com mecanismos de mercado.

 

Parte 7 (Os olhares do sul)

Intelectuais africanos e latino-americanos afirmam que esses dois continentes podem oferecer ao mundo uma possibilidade de coexistência pacífica, de alternativas à sociedade de consumo que alimenta as guerras e dizima populações.

Para Milton Santos, nós devemos pensar esse mundo novo a partir de nós mesmos. Devemos deixar de imitar os europeus e os norte-americanos e construir nossa visão de mundo Afirma que existe a ética dos poderosos (que não é uma ética), a ética dos que não tem nada e a ética dos desesperados que encontram na violência o caminho para a mudança. A ética dos poderosos encontra respaldo no direito e nas decisões judiciais, porém, a ética dos pobres começa a ganhar voz na sociedade e criar bases históricas para uma mudança eficaz que atenda a maioria.

 

Parte 8 (Polifonia Política)

Nessa parte, o vídeo apresenta a forma de organização do maior movimento social do Brasil: o MST. Demonstra como o movimento criou novas formas de solidariedade e cidadania através de novos mecanismos de reivindicação. Com o fracasso da democracia, os movimentos populares optaram pela ação direta, pela invasão das ruas, dos prédios públicos e das fazendas improdutivas como forma de protesto.

Para Milton Santos, apesar das formas organizadas e desorganizadas de reivindicação, somente através do Estado é que as mudanças virão. Santos descarta o papel das ONG’s e do terceiro setor, uma vez que estes atendem somente a determinados setores da sociedade. O Estado é que está imbuído de realizar as mudanças socializantes, porque as fontes criadoras de desigualdades sociais foram engendradas por meio deste.

Frases legais:

Nós, a classe média, não queremos direitos, queremos privilégios”. Milton Santos

Feita a revolução nas escolas, o povo a fará nas ruas”. Florestan Fernandes

 

Parte 9 (Por uma outra Globalização)

Para Milton Santos, a globalização é uma forma de totalitarismo, assim como o nazifacismo. A sociedade atual afirma a liberdade e, ao mesmo tempo, a nega. Formas de ação que fogem do padrão são rapidamente censuradas e punidas. A globalização produz esse globalitarismo, que existe para reproduzir a globalização.

Uma outra globalização é possível se nós estivermos dispostos a transgredir os valores da globalização perversa para que possamos construir uma humanidade solidária.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Documentário incrível, nós nunca veríamos vídeos com esta aboradagem de uma maneira não-alternativa. Gerou em mim mais reflexões ainda cara, como por exemplo de que forma eu tenho alimentado todo esse processo? Ou até que ponto eu me conformo? Parabéns pelo Blog Marcão, com certeza esses materiais estão fazendo uma grande diferença para os que tem acessado. Abração!

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  3. como sendo o socialismo/comunismo pregando como vitimas, sabendo que é e sempre foi uma porcaria, desde a época da primeira guerra mundial, passando por governo stalin, até os dias atuais.
    Viva o comunismo !

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